Zerar tarifa de importação da sardinha não baixa preço, diz Abipesca

Zerar tarifa de importação da sardinha não baixa preço, diz Abipesca

Indústria teme concorrência com produto da China

A Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) classificou como “completamente nefasta” a decisão de zerar a alíquota de importação da sardinha, anunciada pelo governo federal em meio a outras medidas para reduzir os preços dos alimentos. Para a entidade, a estratégia não reduzirá os valores da sardinha e ainda favorece a substituição do consumo pelo produto chinês.

“Não vão baixar R$ 0,01 o preço do produto na gôndola. A única coisa é que vai trocar: na gôndola vai ser produto asiático ao invés de ser produto nacional”, disse o presidente da associação, Eduardo Lobo.

Segundo o dirigente, o setor está se articulando junto ao Ministério da Pesca e a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) para solicitar à Casa Civil uma alteração na medida anunciada, que retira uma taxa de importação de 32%. “Para que haja uma sensibilização, haja uma troca da sardinha pronta, industrializada, para a sardinha in natura”, afirmou.

Uma das justificativas da cadeia nacional da pesca é que na inflação medida pelo IPCA de 2024, a sardinha contribuiu com uma alta de 1,14%, considerada pequena perto de outros produtos.

Em volume de produção, a sardinha é a principal espécie que o Brasil trabalha em sua pesca nacional. A produção e o comércio da sardinha são 95% direcionados para a indústria de conserva.

“É um produto altamente consumido justamente no interior do país, especialmente pela camada mais pobre da população”, pontuou a Abipesca.

Segundo a entidade, o setor já teve um choque no final do ano passado, quando a conserva de sardinha ficou de fora da cesta básica na reforma tributária. A partir de 2026, haverá um processo de transição no qual haverá um incremento nos tributos, chegando a um aumento de 28,5% nos impostos.

Agora, a retirada dos 32% da taxa de importação pode provocar “um esfacelamento da indústria nacional” de conserva de pescado.

Há oito anos, a alíquota de importação passou de 16% para 32% para conter os preços praticados pelo mercado asiático, e “salvou” a indústria brasileira.

“Causa estranheza e perplexidade o fato de nem o setor e nem o Ministério da Pesca terem sido consultados sobre a irresponsável medida”, acrescentou a entidade.

Fonte: GloboRural

Notícias Relacionadas
Deixe uma Resposta

O seu endereço de email não será publicado.Campos obrigatórios são marcados *